por Jones Rossi, com reportagem de Breno Castro Alves
( trecho da reportagem de capa que pode ser lida na íntegra na edição da revista Galileu de fevereiro/2010),
Será que existe razão para as coisas feitas pelo coração? Gostamos de acreditar que nossa mente e nossos sentimentos vivem separados, mas quase tudo relacionado ao amor, paixão, namoro e sexo tem a ver com bioquímica, biologia evolucionista e neurologia. Só que a ciência não descobriu tudo. Ainda sobra aquele restinho de imponderável, aquele friozinho na barriga. E, cá entre nós, andar de mãos dadas com o amor da sua vida não vai deixar de ser bom só porque existe um hormônio que nos deixa felizes ao fazer isso, vai?
Por que nos envolvemos, namoramos, casamos?
Todo aquele amor que vemos nas novelas do Manoel Carlos, nos livros da Sabrina e nos filmes com a Jennifer Aniston não teve uma origem lá muito romântica. Há 2 milhões de anos, nossos antepassados não dominavam o planeta como a gente. Se viravam como podiam nas savanas africanas, à base de sementes, frutas, raízes e carniça. Mas aí, de repente, o homem inventou as primeiras ferramentas para consumir carne e também ficou mais monogâmico. “Desconfiamos que o pacto socioeconômico entre macho e fêmea produzindo aquilo que entendemos como família surgiu aí, como estratégia para sobreviver na savana africana”, afirma o biólogo e arqueólogo Walter Neves, coordenador do Laboratório de Estudos Evolutivos da USP. Nesse ambiente hostil, aprendemos que a melhor estratégia seria viver em grupo. Era o modo mais seguro de criar os filhos: enquanto os outros mamíferos têm filhotes que já nascem andando e caçando, nós chegamos ao mundo totalmente indefesos. Dessa convivência é que nasceram sentimentos como empatia, afeto, afinidade e, por fim, o mais forte de todos: o amor.
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