Pesquisa pode levar a melhor entendimento do vício em jogos de azar
Os voluntários da pesquisa tiveram a atividade cerebral registrada por um aparelho de ressonância magnética (Anne Christine Poujoulat/AFP)
Prazer erótico e ganho de dinheiro estimulam áreas diferentes do cérebro, segundo um estudo publicado no Journal of Neuroscience, revista da Sociedade Americana de Neurociência, nesta quarta-feira. As imagens eróticas ativam uma área mais antiga na escala da evolução, e o ganho de dinheiro ativa uma que surgiu mais recentemente. Esses resultados, que mostram "pela primeira vez" uma dissociação entre os dois tipos de recompensas no cérebro, poderão permitir compreender melhor, por exemplo, o vício em jogos envolvendo apostas em dinheiro.
A pesquisa — Uma equipe de pesquisadores, dirigida por Jean-Claude Dreher, do Centro de Neurociência Cognitiva de Lyon (CNRS/Universidade Claude Bernard), propôs a 18 voluntários - todos homens, média de 23 anos - que participassem de um jogo permitindo ganhar dinheiro ou ver imagens eróticas.
A atividade cerebral dos 18 homens cobaias foi registrada em um aparelho de ressonância magnética. Durante 45 minutos, os estímulos foram apresentados, "cerca de 200 vezes seguidas", explica Guillaume Sescousse, um dos pesquisadores que participam do estudo: um cofre, com quantias maiores ou menores de dinheiro, ou imagens de maior ou menor teor erótico.
O resultado — Os pesquisadores constataram que áreas diferentes do córtex orbitofrontal (situado na parte da frente do cérebro) foram ativadas por essas diferentes recompensas. As imagens eróticas ativam a parte posterior desta área, mais antiga na escala da evolução. Os ganhos de dinheiro ativam a parte anterior do mesmo córtex, que surgiu mais recentemente no homem. "Quanto mais as recompensas são abstratas e complexas, mais sua representação ativa regiões anteriores do córtex orbitofrontal", ressaltam os pesquisadores.
Eles notaram também que regiões do cérebro parcialmente conectadas eram estimuladas quando a cobaia descobria o valor das recompensas, que eram relacionadas a dinheiro ou erotismo, com um prazer variável e avaliaram em uma escala de 1 a 10.
As recompensas em dinheiro não eram apenas virtuais, porque as cobaias foram remuneradas proporcionalmente ao que ganharam durante o jogo. As diferentes recompensas ativam áreas variadas do cérebro. Isso poderia "explicar a especificidade de alguns vícios por uma disfunção de uma ou de outra área do cérebro", afirma Guillaume Sescousse.
O estudo pode também explicar as redes de neurônios envolvidas na motivação e no aprendizado, estimuladas pelas recompensas.
(Com Agência France Presse)
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