
Embora muito se fale sobre sexo, de fato, nem sempre se pratica o mesmo com a frequência com que é decantado em verso, prosa e nas melodias românticas. É isto mesmo, tem mais gente falando de sexo do que praticando-o. Hoje não apenas os seminaristas, padres e outros categorias que optam pela abstinência sexual espontânea são privados dos prazeres da carne. Há um sem número de homens e mulheres que passam por verdadeiras privações quando o assunto é encontrar um parceiro sexual. De acordo com a sabedoria popular, a ausência de uma rotina sexual pode levar as pessoas a se tornarem ranzinzas, mal-humoradas e outros adjetivos nem sempre carinhosos. Para a psicóloga Mara Lúcia Madureira, especializada na linha cognitivocomportamental, em Rio Preto, a explicação para isto está no fato de algumas pessoas que já sofrem com transtornos de humor e por isto apresentam alterações no desejo e nas respostas sexuais. “Daí as crenças e suposições populares de que falta de sexo provoca alterações do humor, quando na verdade ambos os sintomas podem aparecer simultaneamente como parte de um quadro patológico”, afirma.
Na prática, ao ter orgasmo a pessoa libera endorfina e uma série de substâncias dentre elas a serotonina - neurotransmissor que desempenha um papel importante na regulação do humor, no apetite sexual e alimentar, função motora, no ciclo sono-vigília e percepção da dor -, que resultam
numa melhor disposição da pessoa em questão. Por outro lado, é visível o desconforto que sentem as pessoas que não mantêm uma vida sexual ativa. É como mostra o psicólogo Thiago Almeida, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), em seu artigo “Envelhecimento,
amor e sexualidade: utopia ou realidade?”, publicado pela Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em que observa haver “inúmeros exemplos que podemos citar, do modo como o contexto histórico-social valida ou discrimina determinadas práticas, ao verificar o que significa a expressão “viúva alegre”. Muitas vezes as mulheres passam anos sob o jugo de um marido
completamente intransigente e quando este é subtraído da vida, estas passam a conhecer a vida por um novo prisma, otimizando e usufruindo situações para as quais não tiveram oportunidade antes,– por exemplo, com um novo parceiro que escolheram. Embora alguns critiquem essas pessoas, elas nos mostram que a sexualidade faz parte da vida dos seres humanos e está presente em todas as fases do desenvolvimento do homem. Vai desde o nascimento até a morte. A função sexual continua por toda a vida, mesmo na Terceira Idade”, afirma. No entanto, a psicóloga Mara Lúcia observa que a ausência ou não de sexo não deve afetar o comportamento das pessoas. E quando isto ocorre, ela explica que as pessoas já portam alguns déficits cognitivos e comportamentais. “Isto sim pode prejudicar a qualidade das relações interpessoais das atividades sexuais”, diz.
TRANSTORNOS
Não por acaso, explica a psicóloga, algumas pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos, como o bipolar, por exemplo, têm sua libido afetada. “No curso do transtorno bipolar pode ocorrer diminuição ou inibição do desejo sexual durante um episódio depressivo e aumento exacerbado da libido na fase maníaca (euforia). O desenvolvimento da doença está relacionado a fatores neurobiológicos e psicossociais, e as anormalidades dos sistemas de neurotransmissores podem favorecer o surgimento de diversos sintomas como oscilações do humor, alterações do pensamento e comportamentos, sintomas psicóticos, entre outros”, afirma. Ficar longo tempo sem sexo pode não implicar nada, a não ser em escolha pessoal. Contudo quando isto afeta as relações e o próprio humor é preciso recorrer à ajuda terapêutica. Segundo a psicóloga rio-pretense, quando existe desejo sexual intenso e carência de parceiro para satisfazê-lo, deve-se considerar que já existe um problema instalado na situação. “O mesmo pode referir-se, por exemplo, a crenças religiosas e pecado, timidez ou inibição para iniciar um relacionamento, medo da exposição ou de rejeição, dificuldade para estabelecer vínculos afetivos e por aí vai. Buscar ajuda é a única forma de reverter isto”, diz.

:: Homens – a privação sexual por até três dias provoca aumento do sêmen e a potência do
espermatozoide. A partir do terceiro dia começa o declínio e pode se inverter entre o 7º e o 10º dia.
:: Mulheres – a privação sexual por longo período pode provocar ressecamento e perda da
elasticidade dos tecidos e fechamento do canal vaginal, causando dor e sangramento quando ocorrer
o ato.
Fontes:
www.thiagodealmeida.com.br ( Thiago Almeida, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP):Mara Lúcia Madureira, especializada na linha cognitivocomportamental, em Rio Preto, S.Paulo:
Orlandeli/Editoria de Arte
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