Por Cecilia Minner
“A vida é curta. Tenha um caso”, o polêmico slogan vende o site de relacionamento extraconjugal Ashley Madison que, há 10 anos, oferece ‘puladas de cerca’ por todo o mundo. E, no dia 15 de agosto, chega ao Brasil para propor aos compromissados um serviço de qualidade canadense: traição com total discrição e segurança. “Decidi criar o portal porque 30% das pessoas que procuram os sites de relacionamento, em teoria para solteiros, são casadas”, defende o fundador do portal Noel Biderman. A razão deve ter sido semelhante à do portal Ohhtel, também voltado para traição. Mas, como encarar este mercado que parece estar em ascensão? É possível justificar uma traição?
Há quem “jogue a culpa” em problemas emocionais, financeiros... A psicanalista Regina Navarro Lins aponta uma razão simples, mas pouco assumida: variar é bom. “Um casamento pode ser plenamente satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual mesmo havendo relações extraconjugais. Afinal, todos estão constantemente expostos a estímulos sexuais novos provenientes de outros, que não o parceiro atual”, explica.
Infidelidade é um meio de manter o casamento
Uma pesquisa feita pelo instituto Tendências Digitales indicou que o Brasil apresenta os maiores índices de infidelidade da América Latina: 70,6% dos homens confessam ter traído pelo menos uma vez na vida. Entre as mulheres, o número percentual é de 56,4%. “A única coisa que importa numa relação é a própria relação; os dois estarem juntos porque gostam da companhia um do outro e fazerem sexo porque sentem prazer”, explica Regina Navarro Lins, autora do livro "Cama na Varanda".
Ninguém deveria ficar preocupado se o parceiro transa ou não com outra pessoa, é em que acredita Regina Navarro Lins. "Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: sinto-me amado (a)? sinto-me desejado (a)? Se a resposta for 'sim' para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Não tenho dúvida de que as pessoas viveriam muito mais satisfeitas".
Noel Biderman, que já sofreu duras críticas da imprensa por seu modelo de negócio, defende que para muitas pessoas a infidelidade é um meio de manter o casamento. “Uma vez escutei de um membro do portal que sua mulher tinha alzheimer. E, com a permisão de seu filho, entrou para Ashleymadison e começou a se encontrar com uma mulher. Com essa amante, ele encontrou um novo sentido para sua vida e mais motivação para cuidar de sua esposa. Essa história é típica do Ashleymadison? Óbvio que não. Mas demonstra que um "affair" é uma situação complexa”, concluiu.
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